Em sua terceira temporada defendendo o Brasil, gaúcha criada no Havaí tenta se tornar a 1ª surfista do país campeã do mundo
Em 2018, Tatiana Weston-Webb decidiu dar um grande passo na carreira. Nascida em Porto Alegre-RS, mas criada no Havaí, a gaúcha resolveu passar a competir pelo Brasil, tornando-se, ao lado de Silvana Lima, as principais referências do surfe feminino no país. As duas, aliás, serão as representantes do país nas Olimpíadas de Tóquio no ano que vem. Até lá, com a não-permanência da cearense na elite, no entanto, Tatiana tem a responsabilidade de ser a única brasileira no Circuito Mundial 2020/21, que começa nesta sexta-feira com a disputa do Maui Pro, no Havaí.
Entre alguns treinos com o noivo – o surfista brasileiro Jessé Mendes – e a preparação para a temporada, Weston-Webb conversou com o ge sobre suas expectativas para o Tour, revelando estar motivada para levar o Brasil ao inédito título. Na entrevista, ela ainda falou sobre a frustração com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio e também fez um apelo para que os patrocinadores não abandonem o surfe feminino.
– Não sei se a palavra seria responsabilidade, mas sim é uma motivação maior. Quero muito que o surfe feminino cresça e acredito que eu e a Silvana possamos fazer a diferença. Quem sabe com o titulo mundial e com medalha nas Olimpíadas isso não ajude? Prometo que darei o meu máximo para tentar conseguir.
Aos 24 anos, a gaúcha está na elite desde 2015, tendo dois quarto lugares (2016 e 2018) como melhores colocações no Circuito Mundial. Sua única vitória na CT foi na etapa de Huntington Beach, na Califórnia, em 2016. Confira a entrevista:
GE: Qual a sua expectativa para a temporada que está começando? Está otimista em brigar pelo título?
Tatiana Weston-Webb: A expectativa é grande. Essa semana já começa o campeonato e não vejo a hora de colocar a lycra de competição novamente. Sobre brigar pelo titulo, acho que esse sempre é o objetivo, né? Espero começar bem a temporada e ir pensando campeonato a campeonato.
Nesse momento você é a única brasileira no Circuito Mundial. O que representa isso para você?
Fico triste, porque queria que a Silvana estivesse competindo comigo aqui. Mas sei que ela teve um começo de ano difícil (em 2019) depois da cirurgia e não teve tempo de recuperar os pontos perdidos. Mas pode ter certeza que darei o máximo para representar o Brasil que eu amo e nas Olimpíadas estarei com a Silvana novamente representando juntas a bandeira verde e amarela.
O Brasil tem quatro títulos mundiais no masculino e nenhum no feminino. Você encara isso como uma responsabilidade a mais ou isso é algo que te motiva a conseguir um feito inédito?
Não sei se a palavra seria responsabilidade, mas sim é uma motivação maior. Quero muito que o surfe feminino cresça e acredito que eu e a Silvana possamos fazer a diferença. Quem sabe com o titulo mundial e com medalha nas Olimpíadas isso não ajude? Prometo que darei o meu máximo para tentar conseguir.
Como você lidou com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio? Mexeu muito com a sua cabeça?
Foi triste…. Cheguei a pensar que não teria mais, somente em 2024. Ai quando escutei que poderia ser em 2021, fiquei muito feliz novamente e mais uma vez motivada. Acho que esse primeiro semestre será de muitas emoções, porque terei campeonatos, porém ao mesmo tempo terei que pensar em algum momento nas Olimpíadas também. Mas estou com todo o meu time focado, pensando no meu melhor. Queria agradecer também a todos os meus patrocinadores, que me apoiaram nesse ano tão difícil. Prometo que darei meu máximo para dar um grande retorno a eles em 2021.
O que falta para o Brasil se tornar uma potência no surfe feminino?
Poxa, temos grandes praias, as surfistas jovens estão aparecendo, acredito que estamos indo no caminho certo. A pandemia com certeza atrapalhou e muito, porque várias empresas cortaram os investimentos de marketing com os atletas e com eventos, e isso afeta tudo. Mas gostaria muito de pedir para eles voltarem, porque o surfe é um esporte maravilhoso, saudável, que exige muito da preparação das atletas e, sem o patrocínio das marcas, as atletas podem acabar desistindo.