Stefany Krebs: a primeira atleta surda do futebol feminino

Foto: Taba Benedicto/ Estadão
Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Jogadora do Palmeiras conta sobre seu percurso no futebol

Meia-atacante do Palmeiras, Stefany Krebs de 22 anos está no clube desde janeiro deste ano (2020). A gaúcha foi duas vezes campeã mundial pela seleção de futsal para deficientes auditivos e aos 17 anos, foi considerada a melhor atleta do campeonato, disputado na Tailância. Tefy jogou pela primeira vez pelo Alviverde no final de setembro em uma disputa muito esperada por ela.

Em entrevista ao UOL Esporte, a jogadora relembrou algumas dificuldades para se ajustar ao futebol de campo e ao próprio clube. Relatou que a adaptação veio não só na comunicação mas também para se igualar ao nível e experiência das jogadoras da sua equipe.

“Fui aprendendo, entendendo o que a comissão técnica e as atletas fazem nos treinos, sempre com muita paciência e aprendizado. Depois da pandemia, voltei mais forte e focada. Por isso, na estreia, estava confiante”, diz Tefy.

A jogadora iniciou o futsal aos seis anos de idade por motivação do irmão, que a levava para uma quadra perto de onde moravam. De acordo com atleta, era o parente quem mostrava todas as regras do esporte. Falou que descobriu a paixão pela bola ainda quando criança. Ela diz ao irmão que jogará futebol por ele, pois foi quem ajudou a descobrir esse dom e acreditou que ela seria apta a evoluir.

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Os pais estimularam tanto quanto o irmão desde que Tefy começou a jogar. “Tinha dias em que meus pais precisavam ir até o ginásio do lado de casa para me tirar de lá por ser tarde da noite. Mas sempre me apoiaram, desde o início. Um dia, quando criança, comecei a chorar porque achava que, por ser surda, não conseguiria ser atleta. Minha mãe veio até mim e disse: ‘Quando você quer uma coisa, é só não desistir que você consegue, sim’. E isso me fez querer tentar até o último momento”, declarou a atleta.

A mãe desempenha um papel de destaque na carreira da filha. A atleta confessou que já pensou em desistir da carreira devido a saudade que sentia da família residente no Rio Grande do Sul. Comentou com a mãe que iria voltar pois estava se sentindo muito solitária. A mãe por sua vez viajou dez horas para encontrar com a jogadora por apenas um dia. “Conversamos muito e ela não me deixou ir para casa, disse que consegui chegar onde queria que era meu sonho e que não deveria desistir. Aquilo me marcou muito”, contou.

A insistência sucedeu em dois títulos como melhor do mundo. Tefy falou que a cada conquista ela intensificava mais os treinos. Acreditava que não deveria ficar satisfeita com os prêmios, pois poderia representar ainda mais a comunidade surda. Comentou também que ser reconhecida é a realização de um sonho e para isso precisava trabalhar duro.

A falta de acessibilidade e de respeito a condição da atleta fizeram parte do seu dia a dia. Tefy sentiu também falta de inclusão social e foi também nesses momentos que a jogadora pensou em seguir outra carreira.

Apesar de considerar o futebol de campo o maior desafio da sua vida, a atleta segue no clube do Palmeiras e apaixonada pelo esporte. Tefy continua se adaptando com a modalidade mas segue feliz com o que faz.