
Mineira aponta que punição não foi dada na mesma situação em outras lutas do evento
A busca de Mayra “Sheetara” Bueno por sua terceira vitória no UFC estava praticamente condenada desde o terceiro minuto de sua luta contra a americana Montana De La Rosa no último sábado (27). O árbitro Jerin Valel deduziu um ponto da brasileira por agarrar a grade para impedir a queda imposta pela rival, o que significava que a lutadora da Chute Boxe Diego Lima teria de vencer rounds de forma muito dominante, ou finalizar o duelo para não sair com um empate ou derrota. Ela terminaria com um empate por decisão majoritária dos juízes laterais.
Foi uma punição rápida, logo na primeira infração, algo que embora recomendado para este tipo de falta, geralmente não ocorre; normalmente, o lutador recebe uma advertência antes de ter um ponto deduzido. Este foi um dos fatores que mais aborreceu Sheetara. Ela admitiu sua falha, mas reclamou da falta de critério dos árbitros do evento.
“Foi uma coisa muito besta. Infelizmente eu errei, a gente tem que assumir nosso erro, mas foi muito instintivo, você vai cair e bota a mão em alguma coisa. E quando reparei que tinha segurado, eu soltei, não tinha nenhuma intenção de jogo sujo. Fiquei um pouco chateada porque, na luta posterior, a gente teve a mesma coisa, o cara segurou na grade várias vezes, percebeu que ele estava realmente com o sentimento de segurar na grade, e não foi tirado ponto”, comentou Bueno em entrevista por telefone ao Combate, mas divulgada na íntegra no site do Globo Esporte.
Sheetara se referia à luta entre Nikita Krylov e Magomed Ankalaev, arbitrada por Mark Smith. No primeiro round, Krylov tentou derrubar Ankalaev e o russo agarrou a grade acintosamente, e Smith apenas o advertiu.
Mas na própria luta de Sheetara, ela percebeu inconsistências do árbitro. Uma delas foi em uma penalidade cometida pela rival durante o segundo assalto. De La Rosa derrubou Bueno e montou sobre ela; no chão, a mineira tentava se virar para sair da posição de desvantagem, e a americana a golpeou repetidamente com socos na nuca. Sheetara reclamou, mas Valel disse que estava tudo ok.
“Quando ela bateu na minha nuca, eu tentei conversar com ele, e ele, ‘Não, segue a luta! ’. Eu me senti injustiçada ali, porque eu peguei na grade e fui punida, e ela deu vários socos na minha nuca e não foi”.
Ao final, a pontuação indicou que Mayra Sheetara teria vencido o duelo se não fosse o ponto deduzido. Todos os juízes pontuaram os dois rounds finais a seu favor, incluindo um que considerou a vitória no terceiro assalto tão dominante que valeu um 10-8. Para a brasileira, ficou uma mistura de alívio, frustração, e uma sensação de injustiça.
“Foi um misto dos dois, porque podia ter acontecido de tudo ali, podiam ter dado vitória para ela por finalização (risos), porque do jeito que foi, vários erros… Foi um pouco de tudo. Fiquei frustrada porque eu não ganhei, mas fiquei aliviada porque não foi uma derrota. Não consegui nem dormir de noite pensando nisso. Mas tenho que assumir minha responsabilidade, segurei na grade, fui punida, mas acho que não foi a mesma medida para ela. Isso é aprendizado e com certeza na próxima luta não vou segurar na grade (risos)”!
Após passar a noite em claro revendo a luta, Sheetara enfim estava em paz consigo mesma no domingo à tarde. Ela já fazia planos para as próximas duas semanas, período em que permanecerá em Las Vegas para ajudar na preparação de sua namorada, Glorinha de Paula, que estreia no UFC no próximo dia 13 de março. Também estava feliz que apesar do resultado, o combate foi bem recebido pelos fãs – inclusive pelo patrão.
“Não estou satisfeita com o que produzi, mas estou feliz de ter levado uma luta boa para o público, de ter levantado o chefão – o Dana (White) estava maluco lá atrás -, e no final das contas isso que importa”, concluiu a lutadora mineira.
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