Modalidade que mais trouxe pódios ao Brasil na história das Olimpíadas vive momento difícil e terá que crescer nos seis meses finais de preparação a Tóquio para manter tradição
O judô recebe um baque gigantesco. Depois de entrar com um recurso na Corte Arbitral do Esporte solicitando a redução da sua pena, Rafaela Silva recebeu a notícia na última segunda-feira (21) que o seu pedido foi negado. A campeã olímpica não participará das Olimpíadas de Tóquio, marcadas para o ano que vem. Com isso, o judô não só perde uma chance real de pódio com a atleta na categoria até 57kg, como diminui as possibilidades da equipe nacional, que busca a medalha na competição por times.
Rafa Silva seria uma das favoritas ao pódio nas Olimpíadas, é a atual campeã dos Jogos, e havia sido bronze no Campeonato Mundial do ano passado, medalha perdida depois da confirmação do julgamento do doping.
Pela primeira vez, as Olimpíadas de Tóquio terão uma prova por equipes, em que três homens e três mulheres de um país participam de cada time. E o Brasil, com Rafaela, apareceria como candidato real ao pódio no ano que vem. Sem a participação de Rafaela, as chances ficam bem reduzidas, já que ela era uma vitória “certa” contra as principais seleções do mundo.
O judô brasileiro presencia um drama sem essas duas chances reais de pódio a exatamente sete meses das Olimpíadas. A outra grande chance de pódio nas Olimpíadas é Mayra Aguiar, dona de seis medalhas em Mundiais e bronze nos Jogos de Londres 2012 e Rio 2016. O problema é que ela lesionou o joelho há dois meses, teve que operar, e só volta a competir em março do ano que vem. As chances permanecem grandes, mas Mayra terá que correr contra o tempo para alcançar 100% da sua forma.
Com 22 medalhas na história das Olimpíadas, o judô sempre fonte de ótimos resultados do país em Olimpíadas. Desde 1984, o Brasil sobe no pódio ao menos uma vez por edição. É bem provável que essa tradição permaneça, o país tem outros bons judocas, mas o baque de não contar com uma atleta como Rafaela Silva é enorme.
Se fossemos analisar e fazer uma aposta, poderíamos acreditar que o Brasil sairia de Tóquio com duas medalhas: uma de Mayra, que apesar da lesão tem grandes chances de seguir entre as melhores do mundo, e outra no peso pesado feminino, em que o país ainda nem decidiu sua representante. Maria Suelen e Beatriz Soares são os nomes que estão entre as seis melhores do ranking mundial e qualquer uma delas que confirme a classificação (somente uma por país se classifica) chegará como favorita ao pódio.
A questão é que, historicamente, o judô nacional chega com dez ou onze chances reais de pódio nas Olimpíadas, para conseguir três ou quatro medalhas. E, com os resultados dos atletas nacionais nos últimos tempos, a seleção terá no máximo oito possibilidades reais de subir ao pódio. E, com uma melhor chance de medalha, com certeza o número de pódio irá diminuir.
Além de Mayra e no peso pesado feminino, o Brasil chegará com boas chances no pesado masculino, em que o representante pode ser ou Rafael Silva (duas vezes medalhista olímpico) ou David Moura (vice-campeão mundial em 2017). Outros atletas com possibilidades razoáveis de alcançar o pódio são os novatos Daniel Cargnin e Larissa Pimenta e as experientes Maria Portela e Ketleyn Quadros.
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