Verdão conquista três taças em uma temporada e joga duas pelo ralo
O Palmeiras é um caso de dupla personalidade. Capaz de ganhar três títulos em uma temporada e jogar duas taças praticamente ganhas no lixo em quatro dias.
Os sinais dessa bipolaridade vinham sendo dados desde a incrível época em que o time conquistou os títulos paulistas, da Copa do Brasil e da Libertadores. Os traços de instabilidade e inconsistência surgiam rodada a rodada e inclusive, dentro dos 90 minutos.
O Palmeiras de Abel Ferreira poderia ser analisado como o Alvi e o Verde. O Alvi é a equipe vencedora, que faz grandes partidas, conquista taças, goleia adversários e impõe seu estilo. O Verde é o time perdido em campo que é subjugado por rivais do mesmo padrão, derrotado por rivais fracos e que se apavora em momentos importantes. Alvi e Verde estiveram presentes em vários momentos de 2020 e seguem brigando neste ano.
Nas semifinais da Libertadores a dupla personalidade palmeirense ficou escancarada. O Alvi foi a Buenos Aires e venceu por 3 a 0 o River Plate, com uma atuação luxuosa em termos de estratégia e execução. Na partida de volta, entrou em campo o Verde, inseguro, engolido pelo rival e que se classificou na bacia das almas em um confronto em que escapou de uma goleada histórica.
Até mesmo na conquista invicta da Copa do Brasil a bipolaridade palestrina ficou evidente. O time dificilmente encaixa duas boas partidas em sequência. Um belo desempenho contra o Ceará em casa e susto na volta. Jogo parado diante do América-MG no Allianz e partida segura em Minas.
O ponto fora da curva de oscilações foi a decisão contra o Grêmio, quando o Palmeiras fez dois confrontos muito bons. Outro exemplo das duas caras do Verdão foi dada contra o Grêmio, no Brasileirão. Uma primeira etapa de gala, com ótimo futebol e um segundo tempo inferior.
Como explicar que o Alvi não tivesse contagiado o Verde após uma conquista épica de Libertadores? Pois a equipe que jogou o Mundial de Clubes para o qual o Alvi se classificou foi o Verde. Desatenta e insegura.
No pontapé inicial da temporada 2021, o Palmeiras fez uma partida de almanaque contra o Flamengo, pela Supercopa. Conseguiu equilibrar e até superar a melhor equipe do país e perdeu nas penalidades. Foi o Alvi em “modo on”.
Na decisão da Recopa Sul-americana esperava-se que esta personalidade, enfim, prevalecesse. Mas o Verde voltou com toda força, mesmo diante de um rival inferior ao Flamengo.
O Palmeiras é o Alvi das grandes partidas, uma equipe forte e um elenco de peso que sofre com uma sequência desumana de jogos? Ou é o Verde, apenas um bom time que deu sorte em momentos decisivos e venceu jogos em detalhes, mas pela performance poderia ter perdido?
A difícil fase de grupos da Libertadores, quando o Palmeiras enfrentará o algoz Defensa y Justicia novamente, além da equipe muito boa do Independiente Del Valle, será uma prova de fogo para a dupla personalidade palmeirense. O duelo pessoal do Alvi imponente, campeão da América e da Copa do Brasil, contra o Verde que se perde na dureza do prélio e foi vice da Supercopa e da Recopa.
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