Promotoria havia solicitado 12 anos e deve recorrer pela sentença de 3 anos
A Justiça russa, no último dia de julgamento, reduziu a pena de Robson Nascimento de Oliveira, de 12 anos, como solicitava a promotoria, para três ano de prisão. Somando o período em que ele já está preso, o brasileiro poderá deixar a prisão dentro de menos de um ano e meio.
A promotoria sentiu-se bastante contrariada e possivelmente irá recorrer a sentença. O recurso pode ser incorporado em até 10 dias e será analisado por um juiz de segunda instância. Somente após a sentença definitiva é que o processo de transferência de Robson para o Brasil poderá iniciar. Ele será cuidado entre os ministérios da Justiça brasileiro e russa. O motorista foi julgado culpado por contrabando e tentativa de trágico de drogas por ter carregado para a Rússia duas caixas do remédio Mytedom 10mg (cloridrato de metadona) comprados pela família do jogador de futebol Fernando, ex-volante da seleção brasileira e atualmente no Beijing Guoan.
O brasileiro não tinha ciência de que os remédios estavam na mala que lhe foi dada no aeroporto, lacrada. Ele chorou bastante ao final da sentença, considerada surpreendente até pela defesa do motorista. Na pior situação, levando em consideração as penas máximas para os crimes, o motorista poderia ser sentenciado a até 25 anos de prisão.
A juíza julgou dois anos e seis meses de pena para contrabando e o mesmo período pela tentativa de tráfico. Pelas leis da Rússia, a segunda pena pode ser reduzida em um terço, na soma com outra. Por essa razão, os três anos estabelecidos na sentença.
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Pavel Gerasimov, advogado de Robson na Rússia e representantes da embaixada do Brasil em Moscou, que participaram da sessão, falaram que desconhecem qualquer documento assinado assegurando a transferência do motorista para o Brasil. A defesa de Robson acha que o processo será iniciado tão logo a sentença seja definitiva, depois da fase de recursos.
Se a transferência tiver êxito, Robson terá de cumprir o restante da pena em presídio no Brasil. Pelas leis russas, realizando 3/4 da pena, o culpado já pode sair do regime fechado. Se a pena for mantida, Robson já poderá deixar o centro de detenção, em Kashira, daqui cerca de oito meses.
O julgamento iniciou às 4h30 da madrugada, no Brasil (10h30 na Rússia) e criou uma corrente de oração entre amigos e familiares de Robson. “Só tenho a dizer que estou super, mega feliz. Agora mais do que antes ele estará de volta ao Brasil e com a família dele. Estou com pensamentos positivos desde janeiro”, falou a esposa de Robson, Simone Barros.
Entenda o caso
Robson Oliveira, de 48 anos, foi acusado de tráfico internacional de drogas por ter entrado na Rússia, em fevereiro de 2019, com duas caixas de remédios (Mytedom 10mg ou cloridrato de metadona) comprados pela família do atleta de futebol Fernando, ex-volante da seleção brasileira e atualmente no Beijing Guoan. Segundo todos os depoimentos à imprensa – inclusive da família do jogador – os medicamentos foram levados para o país em uma ala que foi entregue lacrada a Robson por um funcionário da família, no embarque no Rio de Janeiro. O motorista não tinha ciência que havia na bagagem este medicamento.
O verdadeiro dono dos medicamentos é William Pereira de Faria, sogro do atleta. Ele reside no Brasil e nunca prestou depoimento às autoridades. Seu advogado declara que o depoimento não foi solicitado enquanto ele estava na Rússia e que a justiça do país não recebe interrogatório à distância.
O brasileiro não sabia da proibição do remédio na Rússia e acabou sendo preso em março de 2019. Este medicamento seria utilizado pelo sogro do jogador para diminuir as dores na coluna e foi comprado com receita médica endereçada a ele, por um funcionário da família no Brasil.
As informações de que o remédio era de William e não pertencia a Robson foram confirmadas pelos advogados da família de Fernando e pelo próprio atleta, em inúmeras entrevistas ao Esporte Espetacular.
O verdadeiro dono do remédio, no entanto, nunca prestou depoimento às autoridades russas, nem deu entrevista à imprensa. Nos últimos depoimentos prestados à polícia pela família de Fernando, dados pelo jogador e sua mulher Raphaela, eles declararam que desconheciam a existência dos medicamentos e não confirmaram o relato do motorista, que alega que os remédios foram colocados em sua mala sem o conhecimento dele.
Fonte: Globo Esporte