Elenco Rubro-Negro se consagra como um dos melhores da história
Um título conquistado apesar de uma derrota, em um jogo em que o time jogou bem e sucumbiu por dois erros individuais. Uma taça erguida fora do Rio de Janeiro, sem torcida no estádio, com explosão de comemoração após o apito final de outra partida.
Em uma temporada completamente atípica, devido à pandemia da Covid-19, a forma como o Flamengo se sagrou campeão brasileiro foi tão inusitada quanto a situação vivida atualmente na sociedade. Simbolizou bem um ano turbulento, dentro e fora de campo.
E mesmo com todas as dificuldades, o Rubro-Negro conseguiu fazer valer um processo que vem desde 2013. O investimento na equipe, em que pese o risco assumido quando se elevou os gastos, teve retorno: com um time muito acima da média, o Fla conquistou o Brasileiro apesar de estar longe de encantar como em 2019. Graças, principalmente, a um conjunto de jogadores de qualidade técnica sem comparação no país.
Atletas que formam uma geração que supera outras vencedoras e se aproxima daquela do início dos anos 1980. O bicampeonato brasileiro em sequência lembra 1982 e 1983, quando ídolos históricos do Fla chegaram a ser questionados por momentos ruins.
Some a isso a Libertadores de 2019 e outros títulos como a Supercopa do Brasil, a Recopa Sul-Americana e o Carioca, e a geração de Gabigol e companhia se eleva de patamar.
As vantagens também podem ser valorizadas
Isso, claro, não apaga os percalços da conquista do Campeonato Brasileiro 2020. O Flamengo, em momento algum, passou plena confiança a seu torcedor. Alternou boas partidas com outras em que nada dava certo. Conseguiu viradas na raça, mas também houve pontos perdidos de forma displicente. Se em 2019 o time caminhou tranquilamente rumo ao título, desta vez a tensão foi até o último minuto.
“O Liverpool teve problemas, Juventus teve problemas, no mundo inteiro essa temporada foi ruim, com essa loucura dessa pandemia modificou muita coisa. Estou muito feliz, terceiro brasileiro meu, mas esse foi diferente, o mundo está diferente, agora é comemorar. O Flamengo é um gigante que se alimenta de títulos. Ganhar é muito difícil, então agora é comemorar e comemorar muito”, disse o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, para a Fla TV e divulgada na íntegra no site do Globo Esporte.
A fala de Braz mostra que é possível também olhar por outro prisma: em meio a tantas complicações, ainda assim o Rubro-Negro saiu campeão. A equipe passou por um surto do novo Coronavírus no meio do campeonato, teve atletas-chave lesionados em momentos decisivos da temporada e precisou abordar a saída de Jorge Jesus faltando poucas semanas para o início do Campeonato Brasileiro.
Rogério Ceni chegou praticamente na metade do caminho. Como todo trabalho iniciado de forma um pouco atropelada, teve dificuldades para se achar no começo. Melhorou a equipe quando apostou de vez em Arão na zaga e com Diego de volante. O time elevou o rendimento, mas continuou refém das oscilações. Mais uma vez, a qualidade técnica prevaleceu.
Para este ano, o Flamengo terá a possibilidade de dar continuidade ao trabalho de Ceni e fazer ajustes necessários a equipe. O desafio maior será conseguir manter seus principais atletas, uma vez que as receitas seguem comprometidas e não há grandes investimentos previstos para a temporada.
O Rubro-Negro, porém, tem o mais importante para prolongar essa era de conquistas: uma base montada, com jogadores que já entraram para a história do clube e a cada título, aumentam seu legado.
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