Timão oferece pouca competitividade e comete muitas falhas em goleada por 4 a 0
O Corinthians foi engolido pelo Palmeiras na noite de ontem (18), no Allianz Parque. Inferior tecnicamente e taticamente na goleada sofrida por 4 a 0, o Timão também competiu menos do que o adversário, algo inaceitável para sua torcida ainda mais em um Dérbi.
O Corinthians chegou para o clássico acreditando estar em igualdade de condições com o adversário, mas voltou para casa com a sensação de que a derrota poderia ter sido por um placar ainda mais humilhante, visto tamanha a superioridade do Palmeiras.
Nas últimas vezes em que havia enfrentado alguns dos primeiros colocados do Campeonato Brasileiro, como Internacional e São Paulo, o Timão fechou a guarda e tentou evitar riscos. Teve sucesso com duas vitórias pelo placar mínimo.
Já diante do Palmeiras foi diferente. Confiante pela boa fase, o Corinthians foi para a trocação e parece ter ficado atordoado após o primeiro gol sofrido – justamente no momento em que se encontrava no jogo. O terceiro, logo no começo do segundo tempo, desmanchou o que restava da equipe.
O desafio agora é juntar os cacos rapidamente e não deixar a noite trágica no Dérbi estragar a reação no Brasileirão. Ficar fora da próxima Libertadores seria uma ducha de água fria para o time.
O baile alviverde mostra que as expectativas da parte da torcida e da imprensa em relação ao Timão estavam exageradas, mas não significa que tudo esteja perdido. Até porque o time que derreteu perante o Palmeiras não apresentou nenhum traço do “Mancinismo”, que fez o Corinthians parar de olhar para o Z-4 e sonhar com o G-6 (que tende a virar G-8).
Gil e Jemerson foram constantemente “arrastados” pelos atacantes do Palmeiras e deixaram buracos no setor. A linha defensiva era desmontada com frequência. Os zagueiros saíam para dar combate ou perseguir um jogador adversário e os laterais não acompanhavam. Fábio Santos deu condições para o segundo gol. Fagner para o terceiro.
A bomba estourava nos zagueiros, mas o drama iniciava mais à frente. Pela esquerda, Cantillo e Mateus Vital davam muito espaço e não ofereciam a intensidade que o Dérbi pedia. A dupla funciona bem quando tem espaço para lançar e conduzir a bola, mas sofre em partidas mais brigadas. Mancini percebeu, substituiu ambos no intervalo para as entradas de Ramiro e Léo Natel, mas não conseguiu corrigir o problema.
Ainda no meio de campo, Gabriel viveu uma noite ruim. Um dos melhores do Timão nas últimas partidas, o volante esteve diretamente envolvido em três gols. Nos dois primeiros, ele saiu na caça do rival, foi fintado com facilidade e deixou um buraco nas costas. No quarto, fez besteira ao recuar mal a bola e entregá-la para Luiz Adriano estufar as redes. A cereja do bolo foi a expulsão do camisa 5 por agredir Danilo com a bola já fora da disputa.
Há críticas a serem feitas a todos os atletas, mas é importante ressaltar: o Corinthians não funcionou coletivamente. Como destacou Fábio Santos na saída de campo, o Timão não conseguiu pressionar no campo rival, nem teve capacidade de baixar as linhas e “fechar a casinha”.
O ataque também decepcionou e praticamente só levou perigo pelo alto. Jemerson, aos seis do primeiro tempo, Jô, três minutos depois, e Gil, uma vez em cada tempo, quase marcaram em cabeçadas.
Mosquito era uma válvula de escape pelo lado direito, mas não teve sucesso nas tentativas assim como Cazares, que teve atuação apagada, e Jô, que apresentou pouca mobilidade.
Com a goleada desenhada e um cenário ainda pior se apresentando, Mancini tentou melhorar com a entrada de Xavier – Everaldo foi o quarto e último a deixar o banco de reservas.
Mesmo com a equipe desequilibrada, o Corinthians tem chances de conquistar uma vaga na primeira fase da Libertadores de 2022, até pela falta de grandes concorrentes – o principal deles é o Fluminense, aquele que foi goleado por 5 a 0 na semana passada.
O Dérbi deixa feridas, mas é preciso cicatrizá-las o quanto antes para não comprometer mais um ano.
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