Gladiadoras, como são conhecidas jogadoras do Boca, vencem rival por 7 a 0 na final do Torneio Transição e terminam campanha com sete vitórias em sete jogos
O futebol argentino teve uma decisão nesta terça-feira. Com o Superclássico. Uma final histórica. No José Amalfitani, estádio do Vélez, o Boca Juniors goleou o River Plate por 7 a 0 e conquistou a primeira edição do Campeonato Argentino Feminino após a profissionalização.
O Boca mostrou que o Superclássico feminino tem uma “paternidade”. Ou melhor, uma “maternidade” bem definida. As “gladiadoras”, como são conhecidas as jogadoras xeneizes, têm o River como filho, forma argentina de chamar o rival de freguês. No primeiro encontro entre as duas equipes na atual temporada, o Boca também goleou, por 5 a 0.
A goleada desta terça começou aos 13 minutos do primeiro, com Huber. No minuto seguinte, Yamila Rodríguez fez um golaço. Ainda no primeiro tempo, o Boca chegou aos cinco gols com Lorena Benítez, Fabiana Vallejos y Andrea Ojeda. O sexto e o sétimo vieram na segunda etapa, com novos gols de Ojeda e Vallejos: 7 a 0.
– Nos surpreendeu o placar. Os jogos contra o River geralmente são muito difíceis – disse Andrea Ojeda, artilheira da competição e que na história do Boca tem mais de 400 gols marcados.
– A gente foi muito superior a elas desde o começo, entramos em campo sabendo o que queríamos – disse a volante Florencia Quiñones, do Boca.
Com o título, o Boca volta a ser campeão depois de oito anos, e chega à sua 24ª conquista. Em março os dois rivais terão um novo desafio, a Libertadores Feminina que será disputada em casa, na Argentina.
O futebol feminino na Argentina
Oficialmente, desde 1991 o Campeonato Argentino Feminino é disputado. Até 2019, o Boca foi quem conquistou mais títulos, 23, seguido pelo arquirrival River, com 11 conquistas. Até então, nem todos os clubes pagavam salários às atletas, e o futebol feminino no país era alvo de críticas das atletas, entre elas Macarena Sánchez, uma das principais vozes na luta pela profissionalização.
Em 2019 o futebol feminino no país se profissionalizou. Mas foi um processo parcial e seletivo. Todos os clubes da primeira divisão precisam ter ao menos oito atletas com contratos profissionais. A medida foi comemorada, por ser um primeiro passo, mas criticadas por não valer para todas as jogadoras. Alguns clubes decidiram que todo o elenco gozaria do mesmo direito.
Para chamar a atenção do público e da mídia, a abertura do campeonato 2019/20 foi com um Superclássico em La Bombonera. O jogo foi televisionado e com um público superior a 5 mil pessoas. O Boca goleou o River por 5 a 0.
– Eu falo pra todas as meninas do país, que vale a pena jogar futebol, que elas podem sonhar, que trabalhem muito por isso – resume Andrea Ojeda, atacante do Boca.
O campeonato seguiu até março, quando foi suspenso por conta da pandemia do coronavírus, e posteriormente cancelado. Quando o futebol na Argentina voltou, um torneio chamado Transição foi iniciado, cuja decisão foi disputada nesta terça.
O Boca Juniors terminou a campanha do título com sete jogos, sete vitórias, 33 gols marcados e nenhum sofrido.
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