Local já recebeu Campeonatos Mundiais de basquete, handebol e vôlei, além de eventos grandes de tênis, ginástica, atletismo e natação
O Complexo Esportivo do Ibirapuera, em São Paulo, que engloba uma pista de atletismo, dois ginásios e uma piscina, pode estar com dias contados. Principal ponto de eventos esportivos na cidade, o local está perto de ser concedido à iniciativa privada.
O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) rejeitou, hoje (30), abrir um processo de estudo de tombamento do Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, do Ibirapuera. Isso na prática autoriza o governador João Doria (PSDB) a conceder a estrutura para a iniciativa privada, que, pelos planos do governo, seria amplamente modificada. Caso fosse aberto o estudo de tombamento, ficariam proibidas obras de alteração arquitetônica no complexo.
O edital de privatização já prevê a demolição do estádio de atletismo para a construção de uma arena multiuso para 20 mil pessoas, enquanto uma torre comercial e um hotel devem ocupar o espaço onde hoje tem o parque aquático. O ginásio seria, segundo o edital, transformado em um shopping.
O Ginásio do Ibirapuera, inaugurado em 1957, já abrigou três Campeonatos Mundiais de basquete (1971/83/2006), Campeonato Mundial de Handebol (2011) e um Campeonato Mundial de vôlei (1994). Ainda foi palco de diversas partidas da seleção de Vôlei, incluindo a fase final da Liga Mundial de 1993, e de várias etapas da Copa do Mundo de ginástica. Tenistas como Roger Federer, Rafael Nadal e Gustavo Kuerten também já jogaram no local. Os Jogos Pan-Americanos de 1963 também teve partidas de basquete no Ibirapuera.
Muitos atletas já se manifestaram contrários à possível ação do Governo do Estado de São Paulo. Nas redes sociais, as campeãs olímpicas de vôlei Fabiana e Adenizía, os também medalhistas de ouro Maurício e William, além de nomes importantes de outras modalidades, como o técnico de judô Fulvio Miyata postaram a frase “Luto pelo Esporte”.
– É INACREDITÁVEL o descaso com a história do esporte brasileiro e com o futuro das modalidades esportivas. A tentativa é de enterrar conquistas, histórias, lembranças e projetos futuros, pra dar lugar a um shopping center! Pelo visto, um complexo de lojas chiques vale muito mais do que proporcionar a população diversão, saúde e lazer, Lamentável – protestou Fabiana, em sua conta no Instagram.
Íntegra da nota da Secretaria de Esportes do estado, ao G1
“A Secretaria de Esportes do Estado esclarece que o processo de concessão do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães (Ibirapuera), aprovado pela Alesp com o PL 91/2019, prevê investimento mínimo de R$ 220 milhões para que o local seja modernizado e esteja apto a receber competições esportivas das mais diversas modalidades, atendendo a requisitos de confederações nacionais e internacionais, o que não ocorre no formato atual.
Com a concessão, eventos de todos os segmentos também serão ampliados, uma vez que haverá a implantação de uma moderna arena multiuso equipada com a tecnologia plug and play, ar condicionado, poltronas reclináveis e tecnologia em todo o complexo, gerando mais emprego e renda para a cidade de São Paulo.
Por sua vez, o Estado também deixa de arcar com os prejuízos atuais do espaço, que somam R$ 15 milhões anuais. A previsão é que o edital seja publicado em dezembro de 2020. Sobre a reunião ocorrida ontem (30/11) no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat), o placar foi de 16 a 8 contra a abertura do processo de tombamento do complexo”.