Primeiro brasileiro a jogar com Maradona, foi pego de surpresa com a morte de seu ex-companheiro
André Catimba registrou sua marca vestindo as camisas do Vitória, Guarani e Grêmio. No entanto, os gols marcados pelo ex-jogador não ficaram limitados ao futebol brasileiro. No ano de 1980, o ex-atacante viajou para a Argentina, na qual defendeu os Argentinos Juniors. Naquele tempo, Catimba já era um veterano e em Buenos Aires, esbarrou com um jovem talento que estava próximo a explodir.
Diego Armando Maradona Franco tinha 19 anos, mas já chocava por sua habilidade com a bola nos pés: para Catimba, que foi o primeiro brasileiro a atuar com a lenda argentina, o talento daquele jovem era muito benéfico. Centroavante de ofício, ele ficava no aguardo de lances do companheiro de time para conseguir marcar gols.
“Foi em 1980, eu tinha 34 anos. Fui convidado para ir jogar lá. Maradona ainda não tinha esse nome todo. Foi o maior prazer, uma grande satisfação. Ele tinha 19 anos. Já mostrava que tinha qualidade, condições de jogar. Dentro de campo sabia o que fazer com a bola. Tanto que pegava a bola na mão do goleiro, driblava todo mundo até dentro da área, e tocava para mim para fazer o gol. Tinha uma virtude muito boa, que era um poder de reação legal. E o tamanho dele, que ajudava a se mexer bem dentro de campo”, falou Catimba, em entrevista ao Globo Esporte.
O caminho de André Catimba pela Argentina não foi tão longo, durando apenas seis meses. No país vizinho, o ex-jogador confrontou algo que vai além de futebol. Dentro das quatro linhas, era vítima de injúrias raciais. Maradona foi um ponto de apoio em frente a um ambiente extremamente desfavorável.
Veja mais: Deus na Argentina e ídolo na Itália: relembre momentos da carreira de Maradona
“Aconteceu lá, nas partidas que tinha no campeonato. Ele vinha e pedia para o pessoal baixar a bola. Ele me dava um apoio. Eu terminava o jogo esquecendo daquilo”.
Assim como os admiradores de futebol em todo mundo, André Catimba ficou espantado com notícia da morte de Maradona. A lenda argentina faleceu na última quarta-feira (25), aos 60 anos, após uma parada cardiorrespiratória. O velório aconteceu na quinta-feira (26), na Casa Rosada, em Buenos Aires.
“Quem passou a notícia para mim foi minha irmã. Eu estava lendo um livro em casa. De repente, ela me ligou e perguntou se eu sabia quem tinha morrido. Aí me falou que tinha sido o Maradona. Liguei a televisão para ver a reportagem. Foi emocionante, muito chato. Ainda mais para mim, que conheci ele. Foi um amigão. Um cara muito legal, um gentleman. Uma pessoa muito gente boa”.
Para Catimba, a morte de Maradona deixa o futebol do mundo inteiro de luto. O ex-atacante de 74 anos, que reside hoje em Salvador, acredita que o ídolo argentino seja uma figura diferenciada dos atuais craques do esporte, o que o torna inigualável.
“É um peso muito forte. Ele não era como muitos que têm aí. Ele era simples, mostrava serviço dentro de campo, evitava ficar caindo no chão, pegava na bola e sabia o que ia fazer. Não era cai-cai. O mundo perdeu um grande craque, com nível técnico muito grande”.
Veja também: Seleção feminina estreia camisa sem estrelas do masculino
Fonte: Globo Esporte