Lutadora será a vice-presidente da Confederação Brasileira de Wrestling
Aline Silva, lutadora de Wrestling, se elegeu com votos dos atletas e assumiu a vice-presidência da Confederação Brasileira de Wrestling (CBW) na última segunda-feira (7).
Aline, que já tem vaga garantida para as Olimpíadas de Tóquio-2021, sempre foi uma grande defensora dos direitos dos atletas. Ela acabou de voltar da “Missão Europa”, em Portugal, onde ficou por seis meses. Ela faz parte da chapa “Keep Wrestling” unida a Waldeci Silva e o eleito Flavio Cabral Neto, que também é ex-atleta, acabando com uma dinastia da família Gama de quase 20 anos.
A confederação de lutas associadas nasceu no ano de 2000 e depois se modificou para CBW. Em seu novo modelo é autorizado, além do presidente, dois vices, tendo a lutadora pleiteado uma das vagas. Aline Silva será a primeira mulher a assumir um cargo de chefia na organização.
O primeiro presidente foi Pedro Gama que fez seu mandato até 2004. Após seu falecimento, quem assumiu a vaga foi o filho Pedro Gama Filho, que comandou por três mandatos.
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Mas não imaginem que foi um processo igualitário. Devido a uma atualização da Lei Pelé, os atletas brasileiros só passaram a ter direito a voto nas eleições para suas confederações há três anos. E diversas confederações ainda limitam os direitos dos atletas. No wrestling não foi diferente: os lutadores necessitaram de uma liminar na Justiça para conseguirem de fato, terem seus direitos respeitados.
Acabar com as dinastias é o mais complicado dentro dessas confederações e são exatamente esses processos que fazem do nosso esporte não muito atraente para investidores.
O wrestling é um esporte muito velho e que não abre muitas portas para as mulheres. As lutadoras possuem suas categorias de peso diminuídas perante os homens. No feminino, por exemplo, o peso pesado encerra com 75 kg e no masculino em 125kg. Com mais categorias disponíveis, os homens possuem muito mais chances e acesso aos Jogos Olímpicos do que as mulheres.
Os homens também disputam no estilo greco-romano, que é uma luta milenar da qual as mulheres não possuem autorização para participar. E mesmo assim os resultados mais significativos dessa modalidade no Brasil são de mulheres pretas.
Rosangela Conceição ganhou medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos do Brasil em 2007 e a primeira mulher do wrestling a participar de uma edição olímpica em Pequim-2008. Joice Silva foi a primeira representando do Brasil a vencer um campeonato Pan-Americano e uma medalha de prata no pré-olímpico mundial da Finlândia. A lutadora dos pesos leves também ganhou duas medalhas em Pan-Americanos, sendo um ouro em 2015 em Guadalajara (México) e um bronze em 2017, em Toronto (Canadá). Joice também participou dos Jogos Olímpicos de Londres e do Rio de Janeiro.
Depois da aposentadoria de Joice em 2017, Aline se tornou a mais veterana do time com os expressivos resultados de vice-campeã mundial em 2014 e prata nos jogos Pan-Americanos de Guadalajara e Toronto. Foi campeã mundial militar ao lado da Marinha e está classificada para Tóquio-2021.
Este ano marca na política o desenvolvimento de mulheres negras em cargos administrativos. Mesmo elas ainda sendo minorias, não podemos deixar de lado e não celebrar os avanços alcançados.